segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Apogēu. Apógeios.

Deleuze defendia que o verdadeiro charme capta-se na demência. Que todos nós somos meio dementes. 

Tudo está escuro.

Na mente dela o vento sopra forte, solta-lhe o cabelo, força-a a fechar os olhos; mas ela não se sente obrigada. O cinzento nevoento do céu e do ar funde-se com o verde escuro daquele ambiente cru, despido de encantamentos artificiais. Anastasia senta-se no chão, põe as mãos à cabeça, auxilia o mundo que naquele momento, naquele preciso momento, apenas tem em si a tarefa de a despentear, desarrumar, descontrolar, enfurecer, fazê-la estremecer de, ah p’ra quê justificar. 

Aquilo era tudo o que ela sempre quis. 

Deixando-se levar, não sabe do tempo, do dia, do ano, do século. Nem quer saber. Para ela existe o que está ali, o que ela sente, toca, vive, experiencia com o coração que bate aceleradamente e a adrenalina que não a consome. Alimenta. Está sozinha mas nunca se sentiu tão acompanhada. Quem a conhecia melhor que ninguém não a conhecia o suficiente. Jamais. Sinais de satisfação, mais do que contentamento, êxtase; menos do que dor, desprezo; tanto quanto medo, coragem — criava-se a fusão. 

Que a deixava no topo. 

No topo da base de si.

No seu carpe diem obscuro. O auge. 

Apogēu. Apógeios.

domingo, 15 de novembro de 2015

This is War

If we don't end war, war will end us. 
- H. G. Wells
This is a song about peace. 

Inventam-se mil e uma formas de lutar. Arremessam-se pedras, empurram-se desculpas, lançam-se palavras. Encontram-se razões que não se encontram, disparam-se armas - visíveis e invisíveis - que se tivessem vida desejariam morrer ao invés de cumprir o seu propósito. Quantifica-se e qualifica-se dinheiro e estatuto, veneram-se recursos que não servem de nada se não houver vida. 
E adivinhe-se: 
vamos todos morrer. 
Quem sofre e morre aos poucos ou de repente, quem vive "no topo", quem vive "na base", os mundialmente conhecidos, os nobremente desconhecidos, os gentis e os egoístas, os inocentes e os culpados, as vítimas, os atacantes, os cordeiros, os animais desumanos. 
Todos. 
E estas lutas, guerras injustas,inglórias,sanguinárias terão sido todas em vão. Sejam as lutas e guerras (in)fundamentadas ou não fundamentadas, físicas ou psicológicas, públicas ou íntimas, entre nações ou ideologias, entre raças ou etnias, entre pretos e pretos, brancos e brancos, amarelos e amarelos, azuis e azuis, verdes e verdes, pretos e brancos, amarelos e azuis, verdes e vermelhos, cabeludos e carecas, com o Presidente da República, o Rei ou o Primeiro Ministro, com o vizinho do lado ou com o amor da tua vida.
Tudo. Em. Vão.
Porque ou acabamos com a guerra ou a guerra acaba connosco. 
Ou acabamos com a guerra que começámos ou acabamos com nós mesmos. 
No fundo, somos todos suicidas.
Sim, vamos todos morrer. E ainda entornamos lixívia na ferida, esfregamos, teimamos em comer comida apetitosa envenenada e aceleramos o processo. 
Somos todos suicidas quando teimamos em pôr o conflito e o orgulho, a "lei do mais forte" num pedestal e enfiar o amor num buraco. Seja em que situação for. Seja com quem for. E isso inclui nós mesmos.

If we don't end war, war will end us. 
- H. G. Wells
This is a song about peace.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Reborn again

I want to be reborn again. Not just in the cliché form but truly reborn. Reborn again. I want to have all my sleeping schedules organized again, I want to lay down with a clean, clear mind, I want to live the perfect love story with myself, I just... Want to be reborn. Close my eyes, fall asleep with a smile and not have to worry about anything else. Why do we have to spend all of our lives doing what will supposedly add up us more - more intelligence, more knowledge, more beauty, more wisdom, more freedom, more power to choose, more... Everything? - and be all stressed out about it, instead of just... I don't know, do not feel the pressure? I don't want to feel the pressure. Am I weak because of that? Okay, whatever. But... Not feeling the pressure only makes us less heavier, happier, stronger. And I want to feel lighter; to be stronger again. I just want... To be happy. 
I want to be reborn again. Not just in the cliché form but truly reborn. Reborn again. I want to have all my sleeping schedules organized again, I want to lay down with a clean, clear mind, I want to live the perfect love story with myself, I just... 

Eu sou

Eu sou alguém que se apaixona por uma canção e a repete vezes sem conta por dias. Eu sou alguém que chora quando acaba de ler um livro que a faz querer mais. Daquela história, daquelas personagens, daqueles sítios, da vida. Da vida em si.

Eu sou alguém que cria uma empatia imediata com outro alguém e sonha com ele. E vê nisso algo especial.

Eu sou alguém que vive tudo a fundo. Atraída pelo profundo.
Não me satisfaço com menos, não sei querer, não sei ter menos. Eu quero mais.
Quero alguém que também queira ir ao fundo de mim.

Eu sou alguém que fica horas e horas acordada às tantas da madrugada só porque não se sente satisfeita com o que sente. Não se sente completa, repleta, saciada, não lhe chega, falta qualquer coisa. Falta sempre qualquer coisa.

Eu sou alguém que vê e revê o mesmo filme e se deixa envolver como se fosse a primeira vez.

Eu sou alguém que se deixa envolver.
Eu sou alguém.

Eu apaixono-me, eu vivo, eu caio, eu sofro, eu prossigo, não desisto, insisto no que... De alguma forma se torna parte de mim mesma sem o saber.

Eu amo.

Eu sou alguém que vive tudo a fundo. Atraída pelo profundo.
Não me satisfaço com menos, não sei querer, não sei ter menos. Eu quero mais.
Quero alguém que também queira ir ao fundo de mim.

domingo, 1 de novembro de 2015

As pausas também são música. 
Esta é a sua pausa. A sua pausa, na sua música. Esta é a sua pausa no deixar-se enfeitiçar. No deixar-se admirar, apaixonar, engraçar, devanear, simpatizar profunda e eternamente com quem o olhar se cruza por acaso, sem razão, sem justificação que lhe dê sequer motivos para alimentar o que quer que seja. Esta é a sua pausa. A sua pausa, na sua música. A sua pausa no olhar mais do que uma vez para ver se a magia se dá, no criar uma ligação imaginária que não existe por só existir num lado, a sua pausa no pensar que o momento é agora. Esta é a sua pausa. Tem de ser a sua pausa. Porque parar é o seu sinal de sensatez. De que ainda tem controlo. De que o coração manda mas a cabeça também pensa. 
Apenas uma pausa, 
uma simples pausa. 
Para não tocar a nota no momento errado. 
Para não preencher um silêncio necessário. 
Para não estragar a melodia que toca. 
Entre duas notas de música existe uma nota, entre dois fatos existe um fato, entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam existe um intervalo de espaço, existe um sentir que é entre o sentir - nos interstícios da matéria primordial está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo, e a respiração contínua do mundo é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio. Clarice Lispector


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Música. Família. Amor. Amizade. Escrita. A procura por mim mesma. Vida. E é a isto que se resume. Sintam-se à vontade por aqui and enjoy.

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