quarta-feira, 6 de maio de 2015

Criação de uma paixão interrompida

Todos nós, num momento ou outro da nossa vida, já perdemos alguém. Mais ou menos vezes, mais ou menos repentinamente do que esperávamos. Se é que alguma vez se pode esperar perder alguém, realmente. Perder implica sempre mudança. Ou, pelo menos, introspecção. Perder implica sempre um esforço físico e emocional: o conseguir adormecer calmamente, aceitar as lágrimas e trazer de volta o sorriso; o conseguir não sentir dor, tristeza ou mágoa; deitar fora a dúvida, frustração, a insegurança. Perder implica um autocontrolo que nem sempre se alcança facilmente. Mas que se alcança, se for realmente essa a nossa vontade. Perder implica aceitação. Sermos sinceros, reais com nós mesmos. Ainda que isso implique que tenhamos de "enlouquecer" um pouco. Ninguém é de ferro. E ninguém precisa de o ser.

Criação de uma paixão interrompida pretende, de certa forma, retratar (simplificadamente, claro) esse processo de perda:  1. Prelúdio – a preparação, em que as nossas inseguranças falam mais alto e quase que "prevemos" que algo não continuará perfeito; 2. Vómitos – a confusão, em que nos vemos perante a situação que temíamos e não sabemos como reagir; 3. Sonambulismo consciente – o auge do cansaço, em que desesperamos perante a dor e o futuro desconhecido e só queremos deitar tudo o que sentimos para fora; 4. Genérico da carta magoada – a espontaneidade, em que começamos a querer aceitar o acontecido e começamos a entrar na fase de "cura" e, por fim, 5. Fazer acontecer – o renascer, em que se dá o aceitar, o início da cura, do sarar da ferida.

Claro que cada pessoa é única e cada situação é diferente, logo esta é apenas uma humilde possível representação e ponto de vista. Espero que o leitor possa deixar-se invadir pelas palavras que se seguem e que possa sempre lembrar-se de que jamais estamos sozinhos. Que somos guerreiros.

The sunshine comes even when it rains,
And even through darkness the morning comes again
I guess what I’m saying is that theres always something good that you can find
And to see it if you open up your mind
The bad will come and go,
But through is all theres constant light for us to follow


Ejay Mulitalo, canção Seeking What's Good


1. Prelúdio – a preparação

3 de maio de 2015, 

O amor não pode ser roubado, forçado, arrancado de alguém. Ou ele flui, cresce, vive naturalmente sendo amor ou já deixou de o ser. Tem de ser cuidado, nutrido continuamente; com serenidade, com clareza e, principalmente, com retribuição e relação de interdependência, em que são um só em propósito e estão dispostos a dar de si para complementar o outro e vice-versa. Porque... O que é o amor, se não uma fonte de felicidade da qual querermos beber e compartilhar com quem também nos oferece a bebida?
Amar é confiar. Confiar que, por vezes, há que dar um passo em frente. Confiar no que aquela pessoa nos faz sentir. Não outra. Aquela. Porque quem ama nunca sabe o que ama, nem sabe porque ama, nem o que é amar... Amar é a eterna inocência, e a única inocência é não pensar... Não pensar nos contras, no que agarra, no que nos prende na corda bamba. Amar não é uma corda bamba. Por mais altos e baixos que afirmem haver (e há, com certeza!), amar é o escapar dessa corda. Ter a certeza de que, juntos, não precisamos ter receio de não saber para que lado pender. Porque vamos saber. E, por vezes, é preciso ter coragem de fazer acontecer.



2. Vómitos – a confusão

4 de maio de 2015,

Quero vomitar palavras que nem sei que existem. Quero vomitar tudo o que está dentro de mim, mas não sei o que é. Para mim, é tudo uma incógnita.



3. Sonambulismo consciente – o auge do cansaço

4 de maio de 2015, 

Procuro desprender-me de ti como quem corta uma árvore sem arrancar a raiz. Prende-me a esperança, corta-me por dentro o saber que não fui o suficiente para ti. Que talvez nunca serei o suficiente. Prendem-me as memórias, as palavras, as emoções, os sentimentos. Mas cortam-me as incertezas, as inseguranças de não ter surtido o mesmo efeito em ti. Dentro de mim, sinto um remoer de conflitos que não sei como extinguir; uma ansiedade que me consome sem nunca me consumir. Porque ainda estás aqui, porque ainda não te perdi. Mas pergunto-me repetidamente se alguma vez sequer te tive. Nem que por um bocadinho. Nem que uma ínfima parte. E penso em ti. Penso em ti, dando machadadas desesperadas em algo que nem sei se quero partir. Em algo que nem sei se quero ver partir. 

Salva-me. Quem quer que sejas, onde quer que estejas, Amor.



4. Genérico da carta magoada – a espontaneidade

4 de maio de 2015,

Genérico do que jamais se poderá generalizar - para os apaixonados inseguros.

Não posso dizer que espero que venhas a perceber o quanto gostas de mim, um dia, porque não quero ter de ser eu a esperar e esperar e desejar e querer uma coisa dessas. O amor não se força. O amor acontece. E se há que haver um esforço para se amar continuamente e sem barreiras, que seja feito pelos dois, até que se tornem um em propósito.
Se tudo isto fosse um conto de fadas escrito pelos homens, diria que, mais tarde, nos encontraríamos e tu perceberias que sou a mulher para ti. Mas eu não quero um conto de fadas escrito pelos homens. Porque o amor não é feito de epifanias. O amor é algo que se nutre continuamente, que se constrói; que se sente, que se vive. É muito mais do que estar perto de alguém, satisfazer carências. O amor é olhar para dentro. Sem medos, sem barreiras, sem preconceitos. 
E eu quero um amor assim. Eu sei que mereço um amor assim. Eu sei que todos merecemos um amor assim.
Ninguém precisa casar por conveniência ou tradição, ninguém precisa casar por aquilo que vê no exterior de alguém, ninguém precisa ser uma segunda escolha! Ninguém merece um "amor" assim. 

Mergulho intensamente na minha mente, que lateja de confusão. Parece um mar, onde, quanto mais nado para encontrar uma casa de sereias, mais percebo que jamais pararei de nadar, porque essa casa não existe. 
Prefiro ser uma baleia. Real. Consciente. Imperfeita, mas genuína.



5. Fazer acontecer – o renascer 

5 de maio de 2015, 

Em breve, o futuro deixará de ser apenas uma miragem. Sometimes courage is the quiet voice at the end of the day saying, ‘I will try again tomorrow. - Mary Anne Radmacher, Courage Doesn’t Always Roar (2009)


Pessoas incríveis entram na nossa vida e jamais queremos que saiam. Pessoas como tu. Pessoas cuja amizade é, por si só, o Amor. Pessoas cuja ligação é mais do que se pode exprimir completamente por palavras. Em breve, o futuro deixará de ser apenas uma miragem. Até lá e sempre, estarei aqui. Para ti. Para te apoiar, para te compreender, para te ouvir, para ser a pessoa que até agora fui. Só um pouco melhor, espero. 
Te gusto simplesmente. 
Por seres quem és.

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