Olho em frente e fecho os olhos. O ar vem forte contra mim. Traz consigo todo o peso que me tem impedido de avançar. O tempo está escuro, cinzento, as ondas do mar lá em baixo partilham daquilo que sinto com a força de uma natureza indomável. O som do ambiente que me envolve fala por mim, pela minha frustração e pela minha alma. Pela minha luta constante de liberdade que os double-bind da vida teimam em dificultar, "educando". Mantenho os olhos fechados. Abro-os. Olho em frente, deixo-me envolver pela perspetiva do horizonte. A perspetiva. O horizonte. O céu cinzento. O mar revolto. O vento forte. Todo o ambiente. Eu. Todo o meu eu. Impulsiono-me. Estendo-me, abro os braços no vazio do ar. Sinto, então, a corda segurar-me no fim do salto.
Por vezes só precisamos ter a sensação do que seria perder tudo.
Para ser gratos por ter uma corda que nos segure.
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