sábado, 30 de janeiro de 2016

Beijar beijar-te beijarmo-nos beijares-me

Beijar beijar-te beijarmo-nos beijares-me
As nossas mãos e braços a agarrarem-nos um ao outro numa sintonia dissimulada
Beijar beijar-te beijarmo-nos beijares-me
O ritmo a estabelecer-se à medida que nos deixamos levar
Beijar beijar-te 
beijarmo-nos 
beijares-me
O cenário a transformar-se 
O teu cheiro a entranhar-se em mim
E eu a entranhar-me, a perder-me em ti
Tu apanhado de surpresa, a deixar de tentar perceber o que se passa 
(mal esperavas tu que isso acontecesse)
Beijar beijar-te 
beijarmo-nos 
beijares-me
beijares-me outra vez
Agarrares-me mais forte, envolveres-me no abraço que eu nunca fui capaz de te pedir
(como tantas vezes quis)
Beijarmo-nos
Encontrarmo-nos enfim em algum ponto da nossa existência - naquele ponto da nossa existência - no início, naquele início que os meus sonhos prenunciavam
(como poderiam enganar-se?)
Beijar beijar-te beijarmo-nos beijares-me

Ela abre os olhos. 

Beijar. Beijar era uma arte. Beijar era uma perfeita sincronia não só dos lábios, das línguas, mas também dos corações. Beijar era algo que tinha de vir da alma para significar alguma coisa. Beijar... Era tão mais do que beijar. E, por isso, para ela, beijar alguém que não fosse ele já não significava nada. Porque não acontecia com a pessoa certa. No fundo... Ela daria tanto para sentir algo outra vez, para acreditar novamente. Para beijá-lo e sentir o não sei quê de quem beija pela primeira vez alguém que já os seus olhos e sentimentos beijaram. 
E tanto e tão pouco a separavam disso. Afinal de contas, ele estava  mesmo ali. Mesmo... Ali. 

Ela fecha os olhos.

Beijar beijar-te beijarmo-nos beijares-me
As nossas mãos e braços a agarrarem-nos um ao outro numa sintonia dissimulada
Beijar beijar-te beijarmo-nos beijares-me
O ritmo a estabelecer-se à medida que nos deixamos levar...

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