domingo, 11 de fevereiro de 2018

Todo eu . . . sou?

"Todo eu sou chuva.", lembro-me de pensar. Estavas no carro. Era de noite. Chovia e a sombra das gotas tinham-te como pano de fundo. Era como se estivesse um projetor apontado a ti com mil e uma gotinhas de chuva a preencherem os teus vazios. Vazios que eu nunca conseguiria preencher tal como agora podes tu sentir na pele - se fosse só na pele... Não me admira nada que gostes tanto de chuva. Da chuva que te compreende, que te faz sentir que é justo chorar. Que é justo morrer de amor, outras e tantas vezes de ansiedade também e voltar a viver. Ainda que com tempestades pelo meio. . . . Guardei apenas a primeira frase deste texto por alguns meses antes de voltar a escrever. Engraçado como com o tempo as palavras vêm. Ou pelo menos outras perspetivas que no presente já tornado passado nos permitem... Continuar a viver. Ou sobreviver. Será que pessoas como nós conseguem intimamente fazer mais do isso? Sobreviver? Espero que sim. Espero que sejamos capazes de continuar a viver. "Todo eu sou chuva"... Mas todo eu procura amar o Sol também.

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