A maioria das obras que leio inspiram-me a criar algo. Logo, este projeto foi baseado no poema de Ricardo Reis Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio, de acordo com o que imaginei quando o li:
Estou à beira do rio e gosto de senti-lo correr. Espero por ela, numa ânsia que de tão real, me faz estar calmo. Seria correto deixar que os meus sentimentos tão fortes a tornassem frágil? Não. Frágil. – penso. Que parvoíce pensar que algum dia ela pudesse parecer-se comigo nesse aspeto. Vejo-a chegar. E mais do que isso, sinto-a chegar naquela pose doce e segura de si mesma. De quem sabe para o que vem, de quem sabe para onde quer ir. Olhamos um para o outro. Sinto-lhe o cheiro. E que cheiro! Nem a viagem consegue cansar-lhe a formusura e delicadeza.
Ambos sabemos que tudo aquilo não demorará mais do que um momento. Damos as mãos. O tempo passa demasiado rápido. A vida passa demasiado rápido. No entanto e, por ironia do destino, tudo isso muda quando não estamos juntos. Pelo menos nas mentes que se conhecem como uma. É injusto. Mas a vida é assim mesmo, feita de injustiças traçadas pelo Fado inquebrável do amor e do viver.
Olhamos um para o outro. Crescemos e desenlaçamos as mãos. Uma das coisas mais difíceis e ainda assim mais necessárias que já fiz em toda a minha vida. Nossa vida. Porque, sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz ou invejas que nos observam às escondidas, amamo-nos tranquilamente. Pensando em tudo o que queríamos ter feito e não pudemos.
Denoto-lhe um brilho nos olhos. Serão lágrimas, Lídia? Ou será o reflexo daquilo que a minha alma não esconde?
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