Há toda uma bagagem que num momento ou outro da nossa vida vem e nos arrebata, envolve num qualquer estado sem palavra, sem meio, sem ato que se defina. Essa bagagem, a nossa bagagem, vem ao de cima, impõe-se em cadeia: de mansinho e depois violentamente: como se precisássemos dela para acordar: para sobreviver.
E precisamos.
Por vezes não sei o porquê, por vezes penso que sei. Por fim, prefiro não procurar saber. Aceito isso que se acumula e acumulará ao longo da vida e assim se tornará mais leve. Como uma qualquer esperança imortal de alcançar sabedoria. A sabedoria em estado de espírito. Um estado de espírito em sabedoria.
Um estado de espírito.
O meu estado de espírito.
O meu eu, sintonia dissimulada.
Há toda uma bagagem que num momento ou outro da nossa vida vem e nos arrebata, envolve num qualquer estado sem palavra, sem meio, sem ato que se defina. Vem assim, numa noite quente, numa noite fria, num fim de tarde ao pé do rio, numa manhã confortável; entre uma multidão de pessoas, num compasso de espera; acompanhada por um orvalho, acompanhada por um pôr-do-sol.
Acompanhada por nós. Acompanhada por mim; acompanhada por ti.
Nunca sozinha.
Singelamente acompanhada. Violentamente acompanhada. Extasiada.
Em linhas difusas e ainda assim tão claras... Marcadamente delineadas por memórias, sensações, emoções...
Viva.
Bagagem viva.
Bagagem.
Bagage.
Por vezes, qualifica-nos.
Noutras, apodera-se de nós.
Mas está pronta. Sempre pronta. A ir connosco em batalha. A cada batalha.