Citando um amigo, [Descrição melodramática sobre amor não correspondido].
Aqui poderiam estar mil e uma palavras (ou menos, ou mais) sobre as saudades que batem no coração de todas as pessoas que queriam estar com alguém que amam.
Umas são separadas pela distância, outras pela falta de amor, pelo orgulho, pela dor. Ainda há aquelas que são separadas pela própria natureza de viver e morrer e as que simplesmente não têm outra escolha senão seguir em frente.
Entre esses últimos, uns fá-lo-ão por caráter pessoal, outros em consequência do caráter pessoal dessas mesmas pessoas. E cada um tem a sua filosofia de vida, a sua forma de encarar os acontecimentos. Nenhum de nós deve julgar ou ser julgado.
Mas o que é facto é que todos sentimos saudades de algo ou alguém, mesmo que já tenham passado anos, depois do grande sentimento desaparecer. No final e, de acordo com a minha forma de ver as coisas, a vida será sempre demasiado curta. Há que descobrir a nossa própria e única fórmula da felicidade e viver de acordo com ela.
Este é o convite que a Associação Cultural Burra de Milho e a Direção Regional da Juventude têm o prazer de vos fazer!
O LABJOVEM é um projeto que visa incentivar e promover jovens criadores das diferentes áreas artísticas, servindo de plataforma a uma nova geração de artistas açorianos. As áreas contempladas nesta 3ª edição (2011) foram: Arquitetura, Artes Cénicas, Artes Plásticas, Design de Moda, Design Gráfico, Fotografia, Ilustração + Banda Desenhada, Literatura, Música e Vídeo.
É com felicidade e orgulho que afirmo ter sido uma das pessoas a ver os seus projetos selecionados nesta mostra que percorreu as nove ilhas dos Açores, ao longo do ano e confirmo a minha presença neste evento, com uma atuação! É também com felicidade que subscrevo o convite acima feito e vos deixo esta sugestão para o próximo sábado.
O orgulho é a tampa das caixas de recordações que em tempos nos fizeram felizes. O não voltar a ouvir aquela música que nos faz lembrar de alguém, o apagar todas mensagens da caixa de entrada sabendo que isso não muda nada. O desligar-se de alguém pelos seus erros, sabendo que está igualmente propenso a errar. O orgulho é a fuga do amor que não melhora nada.
Quantas vezes somos orgulhosos mesmo com aquela enorme vontade de voltar atrás ou refazer algo que poderia mudar tudo? Quantas vezes estão famílias separadas, amores desfeitos, porque nenhum dos envolvidos quer dar o braço a torcer? A meu ver, julgar o erro de alguém de quem gostamos sem fazer nada é dos maiores erros que podemos cometer.
A vida será sempre demasiado curta. E o orgulho faz sofrer. Porquê continuar a tê-lo nas nossas vidas?
Estou deitada no escuro. Sabe bem o escuro, o não ver o quarto com clareza. Ouço música mentalmente. Obrigada, música, por seres esta parte tão grande da minha vida, que me afaga a alma. Vêm-me uma data de pensamentos à cabeça e decido registá-los: vou buscar o caderno, a caneta e apodero-me da lanterna do telemóvel que nem Bluetooth tem, mas tem lanterna. O meu sarcasmo a falar. Engraçado. Dou comigo a pensar que só sou sarcástica comigo mesma, é-mo difícil ser para outras pessoas. Talvez porque sinto ser algo não muito bom e porque nunca conhecemos uma pessoa suficientemente bem para antecipar as reações ou feitos dela. Uma pessoa, seja ela quem for, vai sempre acabar por nos surpreender. Pela positiva ou pela negativa.
Vêm-me à mente perguntas. As típicas perguntas. Quem sou eu?; O que faço aqui?; Marcarei eu as pessoas de uma forma positiva?; Estarei eu a fazer algo que é certo, se for contra aquilo com o qual eu concordo?; O amor. Poderá ser razão ou motivo para te afastares de alguém que amas?; O que deverá ser mais importante? O amor próprio ou o amor pelos outros e por aquilo que te rodeia?. Dizem que são as perguntas sem resposta. Eu digo que são o tipo de perguntas que não podes perguntar a ninguém. Ou que, se perguntas, não deves esperar concordar ou tentar viver de acordo com as respostas que te dão sobre elas. São respostas que tu descobres, que tu percebes por ti mesmo. Não podes esperar sentir um click ou algo do género a dizer-te que é assim ou assado. Não. São aquele tipo de respostas que tu percebes quando tens de tomar uma decisão ou agir instantaneamente. Quando ages e não te preocupas, não pensas no que as outras pessoas vão pensar, no que vão dizer, como vão reagir. E isso não é egoísmo. É apenas a tua forma de ver o mundo; o início, o meio e o fim. É como... Preferires ver um filme e seguires a multidão que decide ir para a tourada que ninguém quer perder. Como saberes que amas aquela pessoa pelo que ela é, com todos os seus defeitos, mas ainda assim estares reticente, porque toda a gente te diz que ela não sente o mesmo. Isso é dares atenção, demasiada atenção às respostas que as outras pessoas dão às perguntas para as quais só tu tens a verdadeira resposta. Não para toda a gente do mundo que está à tua volta, mas para ti.
Quantas vezes já deste por ti a pensar em tomas as decisões e atitudes que tomaste e tiveste, com base naquilo que te incutiam? E quantas vezes deste por ti a perceber, a sentir que não era aquilo que terias feito se tivesses agido de acordo contigo mesma, com o que realmente querias, com o que realmente sentias? A minha pergunta e a minha resposta para a minha pessoa: um bocado.
Como dizer a alguém que amamos e com o qual fomos tão felizes que estamos a sofrer por esta amar outra pessoa? Não sei. Não dá. Como expôr-lhe todas as dúvidas, todas as perguntas que nos percorrem o pensamento, os sentimentos e o corpo, quando sabemos o estado de felicidade atual em que vive? Não sei. Não dá. Como saber quando é o tempo certo? Como saber se algum dia haverá um momento certo? Não sei. Não dá. E enquanto isso vivemos presos a um passado que não volta, mas que de certa forma, nunca desapareceu.
O que é que há detrás de um espelho? Será apenas a parede que suporta o peso daquilo no qual nos revemos? Ou existirão outros seres presos neste pedaço de matéria?
Eu acredito que um espelho esconde muito. Esconde inúmeros seres invisíveis. Esconde seres invisíveis que choram, riem, sorriem, gritam, dançam, cantam. Que não tendo forma de se conhecer totalmente a si próprios, se apoiam na beleza que os outros dizem ou não dizem ver. E por isso, não se conseguem libertar.
Eu acredito que esses seres sejam a reflexão de nós próprios. Somos nós que estamos detrás do espelho. Dentro do espelho. À frente do espelho. Sem confiança ou por vezes, com excesso dela. Com medos e forças absurdas. Somos nós que estamos detrás do espelho, dentro do espelho, à frente do espelho todos os dias a olhar para nós da forma mais natural, mas ainda assim, mais estranha possível. Porque na necessidade predestinada de percebermos quem somos, o espelho é uma forma de encontrarmos a resposta. A resposta que nunca chega. Nunca chegará.
Estou num túnel. Um túnel cujo final é incerto em relação ao local de chegada e ao tempo que demorará. Ligado a mim como uma força invisível, talvez me alcance amanhã, no final deste ano, daqui a dez, vinte, cinquenta anos. A única certeza que tenho é de que o final chegará, mesmo que para mim, o percurso nunca tenha sido o suficiente. Neste túnel, corro, amo, caio, afogo-me, levanto-me, sinto, vivo, morro em vida. Ressuscito, torno-me forte, enfraqueço-me a mim e a outros. Acredito em muito e em nada, ultrapassando por vezes o limiar que me leva à dúvida.
E no mais íntimo de tudo isto, existe uma magia. Um poder. Algo que me envolve e guia na procura da essência do que sou. Do que sempre fui e do que sempre serei. À medida que o túnel se alonga, vou sendo cada vez mais envolvida. Descobrindo e redescobrindo o que me faz vibrar.